Interser #8 | A Cibernética do Self (com Letícia Cesarino)

A coluna Interser tem o prazer de receber novamente Letícia Cesarino, antropóloga e professora da UFSC. No início de 2020, discutimos as pesquisas dela sobre populismo digital, pós-verdade e bolsonarismo. Na época, ela também havia publicado a tradução de um artigo de Gregory Bateson, pensador que atuou na antropologia e em várias outras áreas: “A Cibernética do Self: uma teoria do alcoolismo”, originalmente de 1971. A Letícia frequentemente traz em suas pesquisas e reflexões um componente do pensamento de Bateson, que é o olhar para o funcionamento de todo o sistema (incluindo as mídias digitais, por exemplo), sem presumir um centro de decisão unilateral, dominado por indivíduos descontextualizados, supostamente autônomos e estáticos. Óbvio que não é apenas ela que faz isso, mas nos trabalhos dela a força da cibernética e da teoria dos sistemas aparece com bastante clareza.

O alcoolismo é o estudo de caso do Bateson naquela discussão em específico, mas o objetivo da nossa conversa é tratar de algo mais amplo, a concepção cibernética de self que Bateson propõe e que afirma encontrar também nos Alcóolicos Anônimos. O subtexto do artigo e da conversa é que nossas concepções sobre quem são os sujeitos e como eles se relacionam com o ambiente em que vivem têm consequências diretas sobre a qualidade dessa relação e, em última instância, sua capacidade de sobrevivência do sistema. Nos tempos em que nossa sobrevivência é ameaçada pela emergência climática, pelo neoliberalismo e por várias formas de violência da sociedade brasileira, incluindo o violento movimento que atualmente ocupa o governo e mobiliza parte da nossa sociedade, reconhecer as limitações de nossa visão e ampliá-la pode ser um bom negócio.

Caso você se alegre com o movimento que fazemos aqui no Coemergência e queira nos apoiar, é só ir em apoia.se/coemergencia. 😉

A Letícia está no twitter e vários de seus trabalhos se encontram no academia.edu.

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