#68 O Buda sobre política e sociedade (com Marcelo Nicolodi)

Seres de todos os reinos,

Muitas das nossas conversas tratam do tema da coexistência: somos seres sociais, inseparáveis de toda a vida humana e não-humana, e sabemos bem que durante essa “dança cósmica” (como Ailton Krenak já a chamou) não é incomum pisarmos uns nos pés dos outros; sabemos que queremos nos juntar para viver bem e nem sempre conseguimos. Sabemos também que queremos nos juntar para atuar coletivamente e nem sempre isso é fácil também; o nome dessa ação é política, e ela é parte desse episódio também.

Em muitas das nossas conversas, a tradição budista forneceu referenciais e práticas. Assim sendo, pode ser muito relevante explorar, nos limites possíveis de um bate papo informal, a maneira como o próprio Buda lidou com esses temas da política e da sociedade. É verdade que os ensinamentos do Buda não os têm como foco principal, mas sim a liberação ou a iluminação de nós mesmos e de todos os seres, dependendo da tradição budista em questão. Mas não apenas a compaixão é central para qualquer escola budista, e a ação compassiva em prol de todos os seres é especialmente importante para o budismo Mahayana – além disso, o próprio Buda repetidamente tratou sobre vários aspectos ligados à sociedade, coexistência, política. Além disso, mais recentemente, abordagens como o “budismo engajado” e o “ecodarma” têm levado ainda mais a sério a importância de enfatizar a conexão entre a tradição budista e os temas sociais.

Não é simples discutir registros orais de dois milênios e meio atrás, escritos posteriormente: o significado de textos antigos não é tão óbvio quanto pode parecer. Por exemplo, não necessariamente falar sobre monarquias ou o respeito às tradições é um endosso a esta ou aquela forma de governo, e em outros contexto ou no contato com outras classes de ensinamentos – ensinamentos sobre vacuidade, que evidentemente incluem classe social e gênero – vamos ver que o quão complexo é produzir uma interpretação dessas falas. Nem é simples tentarmos evitar sobrepor nossas próprios princípios sobre falas surgidas em outro contexto. Mas é uma complexidade que vale a pena ser explorada. É especialmente importante enfatizar que não é uma conversa voltada apenas para budistas. 😉

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O convidado para essa conversa é o querido Marcelo Nicolodi, tutor do CEBB (Centro de Estudos Budistas Bodisatva), aluno do Lama Padma Samten, tradutor de vários livros budistas, dentre os quais a antologia “Budadarma: O Caminho para a Iluminação”. Além das práticas e estudos, o Marcelo traz sua experiência com as Aldeias CEBB, que levam para a prática, e para a terra, a tentativa de coexistência benéfica com os demais seres humanos e não-humanos. É uma beleza de experiência sobre a qual conversamos também.

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Para explorar melhor a intersecção entre questões sociais e políticas, por um lado, e os insights de tradições contemplativas, por outro, vamos começar em breve um grupo de estudos combinando textos com ambas as abordagens, bem como práticas em primeira pessoa. O primeiro tema vai ser, como não?, amor.

Mais informações clicando aqui.

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Ótimo programa para todo mundo e um grande abraço!

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